O teatro
"Eli, a elefanta bebé, ou uma lição de amizade no Tivoli Depois de ‘1, 2, 3, Uma Colher de Cada Vez’, chega ao Tivoli ‘Eli, a Elefanta Bebé’. Catarina Figueira elogia e aconselha.
Esta peça é um hino à amizade e se há um ensinamento que se pode retirar no final é que o amor fraterno não escolhe raças, nem cor, nem mesmo espécies. Só isso explica que Eli, uma elefanta ainda bebé, e Alice, uma menina a quem ainda estão a cair os dentes de leite, se possam encontrar algures no meio de África e ficar amigas para o resto da vida.
Lembra-se da peça 1, 2, 3, Uma Colher de Cada Vez? Pois bem, Eli, a Elefanta Bebé, em cena no Teatro Tivoli, traz o carimbo de qualidade da mesma produtora, a Plano 6, e só por esse legado já merecia que não a deixasse escapar. O voto de confiança não trai as expectativas porque esta peça também tem os seus trunfos. A começar pelos cenários e pelo guarda-roupa, que cativam desde o primeiro momento. Os primeiros mostram os penhascos verdejantes do continente africano e os tons ocre, laranja e vermelho da terra; os segundos dão vida aos protagonistas da história: os animais da selva, onde se destacam a própria Eli e a sua manada de elefantes, mas também os macacos e as amigas girafa e impala.
Os diálogos vão sendo intercalados por momentos musicais e é impossível ficar indiferente às coreografias, principalmente às dos macacos, que dão vontade de rir com os seus saltos frenéticos e andar bamboleante. E atenção porque neste musical não há cá gravações, pelo que todas as músicas são cantadas ao vivo. Ao público só é pedido que dê uma ajudinha, batendo as palmas. Claro que ninguém se faz rogado.
Mas voltemos ao início da história para aguçar um pouco a curiosidade do caro leitor. Eli vive com os pais e restante família na savana, até ao dia em que todos, excepto a pequena elefanta, desaparecem, aparentemente abatidos por um bando de caçadores. Alice chega a África com o pai depois da morte da mãe e sente-se sozinha numa terra onde não há televisão e onde os amigos parecem difíceis de encontrar. É o verdadeiro “bicho-do-mato”, como comentam os restantes habitantes da tribo. Até ao dia em que o destino lhe troca as voltas e coloca a elefanta no seu caminho. Tornam-se inseparáveis, a elefanta vai viver para a tribo de Alice e às tantas já ninguém sabe onde começa uma e onde termina a outra. Ao ponto da elefanta querer ter lições de boas maneiras e a menina sonhar com banhos de lama, o passatempo preferido dos elefantes. “Está a ficar tão parecida com Eli que até já tem tromba”, comentam os da tribo sempre que Alice defende a amiga com unhas e dentes.
“Eu e a Eli somos mais do que amigas, somos irmãs” é uma das frases que fica no ouvido, prova de que a amizade entre as duas não conhece mesmo limites. As coisas complicam-se quando a elefanta começa a ficar crescidinha de mais para viver dentro de uma palhota e os caçadores maus voltam à selva. Poderá a elefanta viver a vida inteira num acampamento de humanos? Será que os caçadores fortuitos vão conseguir apanhar a manada de elefantes amigos de Eli? Poderá a amizade com Alice sobreviver à distância? Os miúdos vão agitar-se nas cadeiras, de olhos esbugalhados, em pulgas por descobrir como é que isto tudo vai terminar. No final vão sair do Tivoli a saber um bocadinho melhor o que é a amizade e porque é que quem tem amigos é a mais afortunada das criaturas. "
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